Idolos...

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UM SALTO PARA O FUTURO - JOÃO RICARDO

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domingo, 31 de janeiro de 2010

O DR. JULINHO DE AIURUOCA

Meu caro amigo Dr. Julinho, hoje, lembrei-me de você ao reler Guimarães Rosa. Me veio à mente sua magistral abordagem sobre SAGARANA, a divina obra do Diplomata Mineiro que dignificou e perpetuou a imagem dos Sertões de Minas , divulgando-a pelos quatro cantos do Mundo. Adorava vê-lo falar com tanta desenvoltura sobre os personagens da Vereda e do Sertão das Gerais. Enfim, Dr. Julinho e Guimarães Rosa tinham afinidades. Ambos médicos. Ambos cronistas de seu tempo. Cada qual com seu estilo próprio. Um era o Julinho de Aiuruoca, o outro o famoso filho de Cordisburgo. Ambos nascidos no País das Gerais, como assim tratava Minas, o poeta Dantas Mota, nascido em Carvalhos-MG, mas radicado em Aiuruoca, no Sul de Minas. A quem o Dr. Julinho dedicou estreita amizade. Entusiasta das historias de sua terra natal contou-me o Dr. Julinho que quando os Bandeirantes Paulistas cruzaram a Serra de Mantiqueira, lá na Garganta do Embaú, acima do Passa Quatro avistaram ao longe uma formação rochosa e indagaram ao guia Índio que os acompanhava : E lá, o que é lá aquilo? Ao que o Silvícola prontamente respondeu : JURUOCA (ou Aiuruoca: Morada do Papagaio). Pronto. Estava ali, naquele momento, traçado o destino aventureiro do caçador de índios e das pedras esmeraldas. Quem pode saber, se o Dr. Julinho com sua sabedoria rica em detalhes e sua mente fértil em sonhos, não estaria a me insinuar fosse aquele Bandeirante Paulista, o velho Fernão Dias? O próprio Caçador das Esmeraldas.
Talvez sim. Por que, não ?
Ou talvez, quem saiba, fosse apenas a projeção do sonho do menino do Juruoca. Rio e Montanha. Água e Pedra. Papagaio e Oca. Obra da natureza concebida pela bondade divina, de um só Deus. Misteriosamente ao mesmo tempo : Paí, Filho e Espírito Santo.
Santíssima Trindade
referenciada pelo discípulo de Hipócrates.
Logo ele, religiosamente Socialista.
Devo admitir que, para o Dr. Julinho a medicina era a arte da ética. pois, ele sempre firmou:

" O HOMEM SÓ CONSPIRA CONTRA A VIDA QUANDO ELOUQUECE".

Em defesa da vida contava histórias do médico da corte do Imperador Napoleão Bonaparte : Dr. DEUGENETTE . "Deugenette levou Napoleão para visitar o isolamento dos doentes de cólera. Napoleão , emocionado , ordenou que Deugenette praticasse a eutanásia. Mas, Deugenette respondeu : " Mon devoir n'est point de tuer mais conserver".
Nesta passagem simbólica do diálogo entabulado entre o Médico e o Soldado, Dr. Julinho afirmava: "Conservar a vida é o dever do herói de curar." Enquanto a missão do soldado é Matar. Daí a grande diferença entre os heróis anônimos de curar e os heróis de matar . Os primeiros estão nos hospitais, nos alfarrábios médicos, nos laboratórios de ciência, junto ao leito dos moribundos. Enquanto os outros, heróis de matar estão nos Monumentos das Praças Públicas, nos Livros de História e nos filmes do Cinema ou da TV.
Nunca me emocionei tanto, quando o Dr. Julinho me contou o episódio em que conheceu o Dr. Jucelino kubitschek de Oliveira. Um amigo comum, certa feita em Belo Horizonte, lhe perguntou :Quer conhecer uma pessoa de raro saber? Ao que prontamente o Dr. Julinho lhe respondera que sim. E, qual não foi a surpresa, quando lhe foi apresentado o Dr. Jucelin0 Kubitschek, então Prefeito de Belo Horizonte. Oportunidade em que o Prefeito, também médico, achava-se empenhado com a modernização da Capital Mineira. Dr. Jucelino falava com entusiasmo sobre o conjunto arquitetônico da Pampulha , cujas obras haviam sido confiadas ao Arquiteto Oscar Niemayer. Os detalhes da Igrejinha da Pampulha com a arrojada arquitetura em curvas de concreto concebida por Niemayer, os azulejos de Zanini e os traços da pintura modernista de Portinari e os jardins de Burle Marx impressionavam a todos. Especialmente ao Prefeito, agora candidato ao Governo do Estado e, que não esqueceu de acrescentar ao projeto a Casa do Baile. Local onde funcionou um dancing popular e onde, certamente o peixe vivo foi tocado e cantado. O jovem Dr. Julinho de Aiuruoca era quem estava ali, frente a frente com um outro colega médico, que se despontava para a política, nutrido, também, por sonhos de liberdade acalentados pela modernidade do tempo. A sorte estava lançada.
Contou-me, que voltou ao Rio de Janeiro, onde exercia a medicina, com entusiasmo pelo que ouviu do Jucelino e, pelo que viu na Capital Mineira.
Ele mesmo, o Dr. Julinho, Filho de Aiuruoca que tanto vibrava com a semente da liberdade plantada em Minas e no Brasil, pelo Inconfidente Joaquim José da Silva Xavier - O Tiradentes, agora, acabara de conhecer um novo herói das Minas Gerais. E este não era nascido em São José Del Rey, em São João Del Rey ou Vila Rica, nem em Cachoeira do Campo ou muito menos em Mariana. Jucelino era filho de Diamantina.
E Jucelino Kubitschek desde este primeiro encontro havia mudado a ótica política do pensamento do filho de Aiuruoca. Ao que parece se não foi Dr. Pedro Nava, teria sido José Aparecido de Oliveira, quem lhe apresentou Jucelino. Era, mesmo verdade, o Dr. Jucelino, um homem de raro saber. Ali, naquele exato momento, acredito eu, havia sido selada a simpatia de Julinho por JK.
Portanto, era esse Dr. Julinho de Aiuruoca, que em suas horas de lazer vinha para sua terra natal clinicar gratuitamente para os pobres e exercer a atividade de médico cirurgião no modesto Hospital da cidade. Hoje aquele nosocômio leva seu nome, em homenagem sincera de reconhecimento do povo de lá à figura de quem soube honrar o exercício de sua profissão com ética. Formou-se em 1937, pela famosa Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro , foi responsável direto pela implantação da Residência Médica no País, além de Secretário Adjunto do Ministro da Saúde Dr. Jamil Haddad (Governo Itamar Franco) e Secretário de Saúde da Cidade do Rio de Janeiro (Pref. Jamil Haddad). A ultima vez que estive com o Dr. Julinho em vida, foi em sua casa em Aiuruoca, no ano de 2001. Naquela oportunidade ele deu a meu filho de 04 anos de idade, uma Pena de Pavão, de uma ave de sua Chácara Lagoa Mansa. Ainda, guardo comigo aquela pena de pavão. Entre as várias obras literárias que publicou destacam-se :HERÓIS DE CURAR (Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro - Sindicato Nacional de Editores de Livros-RJ); TIRADENTES 1746-1792 - GRÁFICA SEGRAN LTDA - Baependi-MG; "A MORTE É NOTÍCIA, -A CURA É ANÔNIMA " Reflexões Sobre A Arte de Curar- LÉO CHRISTIANO EDITORIAL LTDA - 2001. Este artigo é parte de uma entrevista concedida a mim como repórter, no ano de 2000 , e autorizada a divulgação pelo próprio Dr. Julio Sanderson de Queiroz.

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